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Religião

A sutil tentativa de abolição do cristianismo pelos “direitos humanos”


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Todo cristão que se preze sabe que na religião cristã o adepto é convidado a apenas crer em Jesus e receber gratuitamente a salvação pela fé. Ao invés disso, em todas as outras religiões, barganhar através de ritos meritórios em busca de aceitação e aprovação da entidade “mística/espiritual” é basicamente uma regra.

Na religião cristã temos a mais importante sentença proferida em todos os tempos: “Está Consumado”. A profundidade desta sentença é de uma magnitude singular, praticamente incompreensível ao homem natural. Ela satisfaz o maior anseio existencial da humanidade. Está pago! Como pode alguém obter a vida eterna de graça, apenas recebendo pela fé o presente que custou a vida do Unigênito filho de Deus? Como pode o próprio Criador sacrificar-se pela sua criatura?

Não obstante, muitos têm rejeitado a apropriação pela fé do presente concedido pelo próprio Deus. Uma das razões para isso reside na substituição da religião tradicional pela religião civil, a saber, uma forma de fé que, ao invés de ter Deus como alvo, aponta para a humanidade e as suas instituições falíveis como redentoras do mal existente.

A ideia de laicidade que, em resumo, reside na distinção entre Estado e Religião, isto é, o Estado não se imiscui com o poder religioso e a Religião não se imiscui com o poder político, tem sido altamente deturpada. Na verdade, o que tem sido buscado sob a máscara da laicidade é o ataque direto à religião organizada na tentativa de extirpá-la da esfera pública e, quiçá, da privada.

O filósofo francês Emmanuel Lévinas (1906-1995), em seu livro Entre Nós: ensaios sobre alteridade, nos ajuda a compreender melhor este anseio da laicidade em se tornar uma religião civil: “quanto mais incapaz se sente a laicidade de responder às questões do mundo moderno, tanto mais tende a se autocelebrar e a se erigir em religião civil”.

O que se pretende é a remoção do cristianismo da esfera pública para colocar os “Direitos Humanos” em seu lugar – um deus imanente autocriador de leis e códigos morais (aprovação do aborto, da pedofilia, da ideologia de gênero, da sacralização da perversão, etc.) para o “bem-estar” da humanidade. Isto nada mais é do que a supressão do único antídoto capaz de livrar a humanidade do seu maior problema existencial: a separação de Deus, fruto do efeito do pecado, cuja origem remonta a Queda no Éden.

Quando o homem não sabe que está doente, não vai atrás de remédio. Não saber que a nossa chaga mortal é o pecado, implica em não lançar mão da sentença salvífica misturada com o sangue do Cordeiro para a nossa cura existencial definitiva.

É por isso que muitas pessoas não sentem a culpa pelo pecado que cometem. Elas contam uma mentira para si mesmas, de que não há culpa pelos erros que cometem, em especial, os erros de ordem moral. Para elas não existe este negócio de ética universal ou coisas do gênero.

Apenas acreditam que estes erros não são erros, mas simples relações de causa e efeito sem qualquer teor moral. Para isso, desconsideram todo o arcabouço religioso judaico-cristão que colocou de pé a civilização ocidental. Contanto que seus erros ou práticas hedonistas sejam justificados, através de corriqueiro exercício de racionalização, do tipo: é culpa dos meus pais; é culpa da sociedade; é culpa de terceiro; é culpa do sistema; é culpa do Estado, etc., eles estarão amortecidos pelo veneno do pecado.

Contudo, a despeito deste quadro pavoroso de um aparente cristianismo em crise, Deus possui controle absoluto de sua ordem criada. Como disse o filósofo americano Peter Kreeft em seu livro “Como vencer a guerra cultural”, sem dúvida, Deus possui uma arma eficaz [remédio] no combate da apostasia espiritual e da secularização: a santidade dos seus santos operada pelo seu próprio Espírito.

A diferença neste mundo ainda é notória entre os santos de Deus e as demais pessoas. Os santos de Deus não são pessoas perfeitas, mas, aqueles que reconhecem o senhorio de Deus em suas vidas e a necessidade de seguir na busca por uma vida de amor, que se assemelhe a vida do Deus-Homem, Jesus Cristo.

É a santidade, assim como o sal, conforme dito pelo eminente pastor americano Tim Keller em recente conferência aos membros do Parlamento Britânico, que continuará por preservar e realçar o melhor da nossa cultura, além de impedir as piores tendências dela. Portanto, antes de lutar contra as artimanhas do diabo, não se esqueça de refletir sobre si mesmo como um santo, instrumento de Deus na luta contra o mal.

“Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens.” Mateus 5.13 NVI.

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